segunda-feira, 30 de janeiro de 2012



Ei gente! 
Nós nos mudamos...
Acompanhar as melhorias dos espaços é preciso.
E para que você acompanhe o blog com mais facilidade, nos adaptamos. 
O novo endereço é esse: http://encontroecafe.wordpress.com/ 
Vamos continuar com o mesmo café de sempre, o melhor bate-papo e todas as coisas boas da vida.
Um ótimo café no novo endereço!
E vem, vai ter bolo!
Beijo!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

To Curtis

Escrever sobre Curtis Mayfield não é tarefa simples...



Não se trata apenas da música brilhante que ele produziu em seus quase 40 anos de carreira, mas também do papel fundamental que ele exerceu sobre as questões sociais e políticas no mundo, mas principalmente nos EUA na flamejante década de 60.


Curtis Mayfield começou a carreira do lado do grupo “The Impressions” no final dos anos 50. Debutou no mundo fonográfico em 1963 quando o grupo lançou seu primeiro álbum. Era o início de uma carreira brilhante que literalmente mudou o rumo da música negra norte americana.

Curtis não destacava apenas pela sua habilidade como cantor ou instrumentista. Era um brilhante compositor, e naquela época a maioria dos cantores de soul não escreviam seu próprio material. Curtis escrevia, e suas palavras não cantavam apenas o amor. Ele cantou a dor, as dificuldades e os problemas enfrentados pelos negros na década de 60. Era a narração do cotidiano vivido pelo seu povo em meio uma sociedade preconceituosa e segregacionista.

Tudo bem, vamos entender a situação. Anos 60, Estados Unidos da América! A comunidade Afro-Americana indo as ruas reivindicando melhores condições de vida e respeito. Reivindicando o fim da segregação racial, lutando pelo voto, pelo direito de estudo. Muitas mortes, líderes calados, intolerância, racismo. Este era o cenário.


Foi nessa época que Curtis escreveu uma de suas obras-primas. A canção “People Get Ready”.

Essa música é basicamente uma “Gospel Song” mas que demonstrou a crescente preocupação social e política de Curtis. Se tornou um hino na luta pelo direitos civis nos Estados Unidos. Eleita por Martin Luther King como sua canção favorita. Não é preciso dizer mais nada. Ouça, e leia a letra com atenção.

Curtis iniciou sua carreira solo em 1970. A partir desse ponto outros artistas do soul incorporaram o discurso político em seus discos. Vale a pena citar o clássico de 1971 “What´s Going On” de Marvin Gaye, disco importantíssimo da história do soul. Além de “Innervisions” de Stevie Wonder, lançado um pouco depois, em 1973.

Nos anos 70 Curtis lançou vários discos, produziu muita gente e ainda fez trilhas sonoras brilhantes para filmes do gênero Blaxploitation. “Superfly” é um dos filmes que Curtis compôs a trilha. Incrível e genial. O álbum recebeu 4 indicações ao Grammy e vendeu 1 milhão de cópias.

Curtis também escreveu belíssimas canções de amor, como a sensível “So In Love” do disco “There´s no Place like America Today” título que ironiza a sociedade norte-americana já que a capa traz uma fila de negros em frente a um gigantesco outdoor onde figura uma sorridente família branca americana. Também em seu disco Live (1971) ele interpreta lindamente o clássico “We’ve Only Just Begun” eternizado pelos Carpenters. A canção ganha um diferente significado na voz de Curtis. E mesmo nas canções de protesto o que se destaca o tom de esperança que Curtis conseguia transmitir nas letras.

A década de 70 foi época de muito sucesso e extremamente produtiva, portanto minha dica é: procure por todos discos, ouça com atenção e leia as letras. Assim, Curtis cravou de vez seu nome na seleta lista dos gênios musicais do século 20.

Apesar de não repetir o sucesso comercial da década de 70, Curtis lançou alguns discos e continuou seus trabalhos como compositor e produtor nos anos 80.

Porém no dia 13 de agosto de 1990 Curtis fazia um show ao ar livre em Nova York quando parte do equipamento de luz se soltou e infelizmente o atingiu. O acidente o deixou tetraplégico, e poderia significar o fim de sua carreira. Mas não foi isso que veio a seguir.

Curtis ainda compôs material para seu último disco de estúdio “New World Order”. Ele também produziu e dirigiu as gravações do álbum. O disco foi lançado em 1997.

Recebeu também na década de 90 dois prêmios Grammy pela sua contribuição musical:

Em 1994: Grammy Legend Award

Em 1995: Grammy Lifetime Achiviement Award

Sua saúde foi se debilitando em virtude de sua paralisia e da diabetes. Em 1999 entrou para o Rock and Roll Hall of Fame, mas não pode comparecer a cerimônia em virtude da saúde frágil.

Curtis faleceu no dia 26 de Dezembro em 1999, aos 57 anos.

O mundo da música se despediu de um artista de enorme talento que cantou a beleza do amor, a esperança de um mundo melhor e transformou a injustiça social e a desigualdade em verdadeiras pérolas do soul cantadas diretamente para o seu povo.

Me despeço com um trecho da canção Choice of Colors, gravada pelo grupo “The Impressions”, em 1969:

“People must prove to the people
A better day is coming for you and for me
With just a little bit more education
And love for our nation
Would make a better society”






With Love, To Curtis...
 
http://www.youtube.com/watch?v=Fv8Rhiibix0
http://www.youtube.com/watch?v=4QglEbgON9o&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=t-l91O9VxN0
 
Por Lucas Arruda.
Um ótimo Café!
 
 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Meu amor, venha correndo
nosso amor está morrendo.
Mas venha bem depressa,
pois a solidão não me interessa.
Vamos, segure a minha mão
que é pra ver se acalma
as batidas do meu coração.
Mergulhe fundo, de cabeça e perceba
que o amor sempre vence no final,
não importa o que aconteça.
 
Por Kelly Elizeu

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Preciosa

O mundo está mesmo uma grande reviravolta.


A cada dia que você lê o jornal, vê um comentário do vizinho, um apelo de alguém na internet por justiça, percebemos que a coisa não está normal (na verdade acho que nunca esteve).


Resolvi me desligar disso tudo na virada do ano e tentar ficar em paz com a minha mente, limpar o cotidiano... começar 2012 com a cabeça fresca. Escolhi alguns títulos para ler (por que não existe nada melhor para fugir da rotina do que se enfiar em um mundo que não é seu), mas fui surpreendida pela história de Claricee Precious Jones.

Precious é a personagem do livro, "Preciosa", de Sapphire (nome artístico de Ramona Lofton). No livro, Sapphire conta a história (narrada em primeira pessoa) de uma jovem analfabeta, obesa, negra, aos 16, grávida do segundo filho, abusada sexualmente pelos pais desde os três, moradora do Harlem nova-iorquino.

Qualquer semelhança da história de Precious com nosso cotidiano é mera coincidência. Sua vida é contada no início dos anos 80.

No livro, a autora resolveu manter os erros ortográficos da personagem, para dar uma sensação de que estamos ao lado da jovem, que semeia, com medo, sua história.

Em detalhes, ela conta seus sofrimentos ao lado do pai, a negligência da mãe, a ajuda da escola que a fez conhecer um mundo novo através da escrita. A voz que ganhou, os amigos que fez, o amor que nasceu pelo filho Abdul (e de quebra, pela filha "Monguinha", portadora de Síndrome de Down e que não vê desde o nascimento, quando ainda tinha 12 anos).


Se você não esta preparado para detalhes de cenas fortes e tristes, mas que confrontam sobre muitas coisas e sobre nós mesmos, não leia Preciosa. Eu consumi o livro em dois dias, a história te prende. Ver Precious com vontade de abandonar o passado triste e buscar ajuda é fascinante. O amor pelo filho, pela escrita, por querer ser alguém... É comovente!

A história da jovem do Harlem é uma ficção, mas baseada no que a autora viveu ao dar aulas para jovens negras e latinas no Bronx. Conviveu, de fato, com todo o universo narrado por Precious.

Então, fica a dica. Preciosa, um livro de questões sérias, envolvente, triste, mas um PUTA soco no estômago, pra pessoas como nós que às vezes, resolvemos, simplesmente, fechar os olhos para o que acontece ao nosso redor.

Aqui você assistte ao trailer do filme... Sim! O livro virou filme e teve várias indicações ao Oscar em 2010.

Um ótimo café!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Estava nua a um passo do chuveiro. A água caía no chão e respingava em suas pernas. "Não, não vou mais tomar banho", pensou ela. Tomou a decisão. Fechou o registro e vestiu a roupa. A mesma que vestia quando o viu pela última vez. Tinha uma única certeza: não sobreviveria à sua ausência.


Sentada no chão da sala, revivia cada maravilhoso momento passado com ele. Fazia isso sem nenhuma pressa e cada instante desses era como uma vida inteira. O importante não era a ordem dos acontecimentos, mas as sensações experimentadas. Era tudo tão perfeito, tão intenso, tão real, que seu corpo arrepiava todo e em cada fibra do seu ser ela tinha a impressão de que, se estendesse a mão, poderia tocá-lo novamente.

Sem se dar conta do que se passava, perdida em seus devaneios, lutava contra o fato de que isso jamais voltaria a acontecer. Não nessa vida, mas quem sabe em outra.

As horas passavam impiedosamente no relógio pendurado na parede da sala. Mas ela não via, não havia tempo pra isso. Estava acordada e, ainda assim, não percebia a realidade. Dentro dela não caberiam outras coisas, a não ser as lembranças de um amor sem igual.

"Não quero que esse momento acabe..." repetia isso como um mantra.

Nem fome, nem sede, nem sono, somente a saudade. Ninguém sabe ao certo quanto tempo ela ficou ali. Há quem diga que tudo isso durou apenas o tempo de um último suspiro.
 
Por Kelly Elizeu
*(esse texto não aceitou que a autora o intitulasse)
 
 
Um ótimo Café, um 2012 cheio de dicas e encontros nossos por aqui.
Um beijo!
Feliz Ano Novo

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ode Descontínua e Remota

A gente vem sempre postando aqui textos, poemas, músicas e coisas lindas sobre o amor.
Perdas, reenncontros, vivências... Mas o que seria um grande amor sem a tristeza que lhe cerca?

Quando se junta a história de um grande amor impossível a uma bela e linda música, o resultado é uma linda Ode. A exautação a um amor, puro, delicioso e cruel.

Hilda Hilst, escreveu uma Ode para exautar o amor de Dionísio e Ariana (um dos capítulos do livro: Júbilo Nocivado da Paixão), um amor impossível. Que no decorrer da parceria com Zeca Baleiro, viu-se que era uma auto-biografia, doce, delicada e intíma. O desabafo de Ariana por não ter Dionísio a seu lado.

Zeca Baleiro selecionou as principais vozes femininas da música, aquelas que ao cantar, transpareceriam a dor e amor de Ariana.
Líricas, as músicas fazem o ouvinte entrar em um ambiente que não lhe pertence. A mágica da literatura! Transportando seu leitor ao universo puro de um desabafo amoroso ou o desespero da presença ausente do ser amado.


A produção de Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé. De Ariana para Dionísio levou dois anos para ficar pronta. Mas Hilda não conseguiu ver sua Ode completa em música, faleceu em fevereiro de 2004.

Eternizada na voz de Mônica Salmaso, Olívia Byington, Zélia Duncan, Ná Ozzetti, Ângela Ro Ro, Jussara Silveira, Maria Bethânia, Verônica Sabino, Rita Ribeiro e Ângela Maria, as dez canções, nos apresentam Ariana e sua dor.

Os poemas e a entrevista de Zeca Baleiro falando um pouco mais da obra aqui!

Um ótimo café!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dedicado a Amy Winehouse



Esse texto é um dos que guardo com orgulho. Um, sobre a diva Amy Winehouse. Dois, foi o primeiro texto para a coluna Encontro & Café na revista Cachoeiro Cult... Que está recheada de coisa boa. Literatura, Cinema, Teatro, Música e mais um montaããããão de coisa. Corre na banca e compra!

Em 2007, chega às lojas do mundo o cd Back to Black, com um poder negro, musicalidade dos jazzistas do gueto, voz e sentimento de Ella Fitzgerald e Billie Holiday. Mas, para nossa surpresa, a dona da voz era branca.

A trajetória de Amy foi marcada pela decadência de seus atos, vícios, brigas conjugais e as bebedeiras insanas, mas não podemos negar o talento que ela tinha.

Desde pequena, Amy já tinha a música como a primeira e única paixão na vida. Cresceu ao som de Sinatra, incentivada pelo pai. Estudou nas principais escolas de artes e música de Londres. Com seu espírito “livre” e “caótico”, encantava a quem estivesse perto. Sempre sincera, dizia o que queria e nunca escondeu suas malandragens.

Suas músicas são a tradução de tudo o que vivia. São intensas, fortes, tristes e encantadoras de lindas. Ela dizia: “passo pra música o que realmente sinto e o que aconteceu em dado momento, se isso incomoda você, você não está preparado para ouvir minha música”.

Ela nunca esperou a fama, fazia música. Um dia, explodiu. Ela não soube lidar com o sucesso e seu talento pagou o preço: conhecemos Amy por sua vida “desregrada” e não pela música.

Mas não podemos negar que o mundo POP que conhecemos estava mesmo precisando de alguém com peito pra assumir o que fazia e não ficar no papel de “sou bom moço, não faço isso”. Desde os áureos anos 60 e 70, que nos foram apresentados os maiores ídolos do rock e pop internacional, não vemos alguém irreverente assim. Não estou dizendo que devemos ser libertinos e sair seguindo o exemplo de tais ícones, mas o talento deles se deu pelo que eles faziam: música de qualidade, o resto era resto. O que vemos hoje é uma leva de “mocinhas da mamãe” que não têm um pingo de talento.

Amy trouxe um som esquecido pela maioria à tona. O Soul, o R&B, um FUNK do tipo James Brown, o hip hop e o JAZZ tradicional. Poucos eram os jovens da minha idade que se interessavam por um som assim. Amy resgatou isso e tornou acessível ao mundo.

Em sua homenagem, este mês, chega às lojas o cd: Lioness Hidden Treasures. Compilação de trabalhos que não foram divulgados, ele contará com faixas clássicas como: “Garota de Ipanema”, “A Song For You”, “Will You Still Love Me Tomorrow”.

Sua voz rouca, triste, gélida, banhada a vodka e tequila não mais cantará. Fica aqui a minha homenagem a uma das mulheres da minha geração a que respeito muito pelo talento que tinha.

O site sonora (do portal Terra) diponibilizou para ouvir grátis o novo cd e o documentário póstumo "The Final Goodbye" que fala da trajetória de vida da cantora até o momento da trágica notícia de sua morte. Uma homenagem muito legal.

Aqui, você faz o download do novo cd.
Aqui, uma lista dos vídeos mais legais dela.


Um ótimo café.