quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Estava nua a um passo do chuveiro. A água caía no chão e respingava em suas pernas. "Não, não vou mais tomar banho", pensou ela. Tomou a decisão. Fechou o registro e vestiu a roupa. A mesma que vestia quando o viu pela última vez. Tinha uma única certeza: não sobreviveria à sua ausência.


Sentada no chão da sala, revivia cada maravilhoso momento passado com ele. Fazia isso sem nenhuma pressa e cada instante desses era como uma vida inteira. O importante não era a ordem dos acontecimentos, mas as sensações experimentadas. Era tudo tão perfeito, tão intenso, tão real, que seu corpo arrepiava todo e em cada fibra do seu ser ela tinha a impressão de que, se estendesse a mão, poderia tocá-lo novamente.

Sem se dar conta do que se passava, perdida em seus devaneios, lutava contra o fato de que isso jamais voltaria a acontecer. Não nessa vida, mas quem sabe em outra.

As horas passavam impiedosamente no relógio pendurado na parede da sala. Mas ela não via, não havia tempo pra isso. Estava acordada e, ainda assim, não percebia a realidade. Dentro dela não caberiam outras coisas, a não ser as lembranças de um amor sem igual.

"Não quero que esse momento acabe..." repetia isso como um mantra.

Nem fome, nem sede, nem sono, somente a saudade. Ninguém sabe ao certo quanto tempo ela ficou ali. Há quem diga que tudo isso durou apenas o tempo de um último suspiro.
 
Por Kelly Elizeu
*(esse texto não aceitou que a autora o intitulasse)
 
 
Um ótimo Café, um 2012 cheio de dicas e encontros nossos por aqui.
Um beijo!
Feliz Ano Novo

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ode Descontínua e Remota

A gente vem sempre postando aqui textos, poemas, músicas e coisas lindas sobre o amor.
Perdas, reenncontros, vivências... Mas o que seria um grande amor sem a tristeza que lhe cerca?

Quando se junta a história de um grande amor impossível a uma bela e linda música, o resultado é uma linda Ode. A exautação a um amor, puro, delicioso e cruel.

Hilda Hilst, escreveu uma Ode para exautar o amor de Dionísio e Ariana (um dos capítulos do livro: Júbilo Nocivado da Paixão), um amor impossível. Que no decorrer da parceria com Zeca Baleiro, viu-se que era uma auto-biografia, doce, delicada e intíma. O desabafo de Ariana por não ter Dionísio a seu lado.

Zeca Baleiro selecionou as principais vozes femininas da música, aquelas que ao cantar, transpareceriam a dor e amor de Ariana.
Líricas, as músicas fazem o ouvinte entrar em um ambiente que não lhe pertence. A mágica da literatura! Transportando seu leitor ao universo puro de um desabafo amoroso ou o desespero da presença ausente do ser amado.


A produção de Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé. De Ariana para Dionísio levou dois anos para ficar pronta. Mas Hilda não conseguiu ver sua Ode completa em música, faleceu em fevereiro de 2004.

Eternizada na voz de Mônica Salmaso, Olívia Byington, Zélia Duncan, Ná Ozzetti, Ângela Ro Ro, Jussara Silveira, Maria Bethânia, Verônica Sabino, Rita Ribeiro e Ângela Maria, as dez canções, nos apresentam Ariana e sua dor.

Os poemas e a entrevista de Zeca Baleiro falando um pouco mais da obra aqui!

Um ótimo café!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dedicado a Amy Winehouse



Esse texto é um dos que guardo com orgulho. Um, sobre a diva Amy Winehouse. Dois, foi o primeiro texto para a coluna Encontro & Café na revista Cachoeiro Cult... Que está recheada de coisa boa. Literatura, Cinema, Teatro, Música e mais um montaããããão de coisa. Corre na banca e compra!

Em 2007, chega às lojas do mundo o cd Back to Black, com um poder negro, musicalidade dos jazzistas do gueto, voz e sentimento de Ella Fitzgerald e Billie Holiday. Mas, para nossa surpresa, a dona da voz era branca.

A trajetória de Amy foi marcada pela decadência de seus atos, vícios, brigas conjugais e as bebedeiras insanas, mas não podemos negar o talento que ela tinha.

Desde pequena, Amy já tinha a música como a primeira e única paixão na vida. Cresceu ao som de Sinatra, incentivada pelo pai. Estudou nas principais escolas de artes e música de Londres. Com seu espírito “livre” e “caótico”, encantava a quem estivesse perto. Sempre sincera, dizia o que queria e nunca escondeu suas malandragens.

Suas músicas são a tradução de tudo o que vivia. São intensas, fortes, tristes e encantadoras de lindas. Ela dizia: “passo pra música o que realmente sinto e o que aconteceu em dado momento, se isso incomoda você, você não está preparado para ouvir minha música”.

Ela nunca esperou a fama, fazia música. Um dia, explodiu. Ela não soube lidar com o sucesso e seu talento pagou o preço: conhecemos Amy por sua vida “desregrada” e não pela música.

Mas não podemos negar que o mundo POP que conhecemos estava mesmo precisando de alguém com peito pra assumir o que fazia e não ficar no papel de “sou bom moço, não faço isso”. Desde os áureos anos 60 e 70, que nos foram apresentados os maiores ídolos do rock e pop internacional, não vemos alguém irreverente assim. Não estou dizendo que devemos ser libertinos e sair seguindo o exemplo de tais ícones, mas o talento deles se deu pelo que eles faziam: música de qualidade, o resto era resto. O que vemos hoje é uma leva de “mocinhas da mamãe” que não têm um pingo de talento.

Amy trouxe um som esquecido pela maioria à tona. O Soul, o R&B, um FUNK do tipo James Brown, o hip hop e o JAZZ tradicional. Poucos eram os jovens da minha idade que se interessavam por um som assim. Amy resgatou isso e tornou acessível ao mundo.

Em sua homenagem, este mês, chega às lojas o cd: Lioness Hidden Treasures. Compilação de trabalhos que não foram divulgados, ele contará com faixas clássicas como: “Garota de Ipanema”, “A Song For You”, “Will You Still Love Me Tomorrow”.

Sua voz rouca, triste, gélida, banhada a vodka e tequila não mais cantará. Fica aqui a minha homenagem a uma das mulheres da minha geração a que respeito muito pelo talento que tinha.

O site sonora (do portal Terra) diponibilizou para ouvir grátis o novo cd e o documentário póstumo "The Final Goodbye" que fala da trajetória de vida da cantora até o momento da trágica notícia de sua morte. Uma homenagem muito legal.

Aqui, você faz o download do novo cd.
Aqui, uma lista dos vídeos mais legais dela.


Um ótimo café.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dia Nacional do Samba (Com Atraso)

Dezembro não é mês só de Natal, ano novo e toda essa coisa que invade as nossas vidas.
Dezembro também é mês de samba!

Em primeiro lugar, o samba não veio da Bahia e muito menos do Rio, o samba veio da nossa amada África com os escravos. Lá o ritmo tem nome de semba ou umbigada (por causa da forma como se dança). Como os  escravos foram"distribuídos" entre Maranhão e São Paulo - principalmente - o samba tem características próprias em cada  lugar, mas ainda sim é samba.

Foi no Rio que a coisa tornou uma proporção maior, os escravos trazidos da Bahia para as lavouras de café do Rio, incrementaram o ritmo carioca com novos instrumentos, contornos e histórias. Daí, o Rio se tornou a capital brasileira  do samba.

Bem, desde então a coisa não parou de crescer. Escolas de samba nasceram, samba canção, bossa nova, samba de raiz e até o pagode, que é uma "vertente"do samba e não um ritmo (OK?).

Pra celebrar (mesmo atrasada) esse ritmo que começa na veia, vai no dedão do pé e volta nos quadris,  a gente preparou uma playlist com os grandes nomes do samba.

Então, vamos lá:

Cartola - Tive Sim
Zé Keti - A Voz do Morro
Adoniran Barbosa - Trem das Onze
Nelson Cavaquinho - Juízo Final
Noel Rosa - Conversa de Botequim
Ataulfo Alves - Na Cadência do Samba
Dorival Caymmi - O Samba da Minha Terra
Jackson do Pandeiro - Chiclete com Banana
Lupcínio Rodrigues - Vingança
Martinho da Vila -  Canta Canta Minha Gente
Bezerra da Silva - Candidato Caô Caô
Clara Nunes - Morena de Angola
Beth Carvalho - A Chuva Cai
Clementina de Jesus - Yaô
João Gilberto - Carinhoso
Tom Jobim - Samba de Uma Nota Só
Zeca Pagodinho - Faixa Amarela
Fundo de Quintal - O Show Tem que Continuar
Casuarina - Canto de Ossanha
Jovelina Pérola Negra - Menina Você Bebeu
Jorge Ben Jor - Mas que Nada
Paulinho da Viola - Sinal Fechado
Chico Buarque - Essa Moça Tá Diferente
Nara Leão - Camisa Amarela

Um ótimo samba!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

É só clicar na foto e curtir, vem gente!

Veredicto



Se me perco em seu olhar
E sua voz me desencaminha,
Veja bem, a culpa não é minha.

Se sonho acordada e só penso
Em me mudar pra sua rua,
Não duvides, a culpa é toda sua.

E se choro de noite porque não
Estás do meu lado, sinto muito,
Você é o único culpado.

Se acreditei nas mentiras,
Mas faria tudo novamente, é porque
Sou mesmo muito inocente.



Por Kelly Elizeu


Bom dia e ótimo café.